2 de out. de 2011

Orgulhosos & blasés

O orgulhoso morre mas não se entrega. Ou melhor: morre, sim. Mas puxa seu pé na cama à noite.

O orgulhoso não dá o braço a torcer. O filho da mãe torce seu braço primeiro.

O orgulhoso não se entrega. Ele entrega você antes. Porque, além de orgulhoso, é um baita dedo-duro.

O homem orgulhoso tem o nariz empinado. A mulher orgulhosa tem a bunda empinada.

O orgulhoso tem salto alto. Seja homem ou mulher.

Orgulhosos tem uma argumentação imbatível. Eles que batem em quem discordar deles. Nunca são batidos. São "imbatíveis".

O orgulhoso estufa o peito pra falar das suas conquistas. E deixa os humildes com falta de ar.

Orgulho pouco é bobagem. Aliás, orgulho demais é uma baita bobagem.

Orgulhoso não cede. Não dá, não vende e não empresta.



Blasé não me diz respeito. Mas os blasés também não respeitam muita gente, não.

Blasés são monocórdios. Sabem que despertam um sono invencível nos seus interlocutores. Mas sabem que a plateia irá escutá-los mesmo assim.

Blasés não são sonsos. São chatos mesmo.

A única expressão corporal possível do elemento blasé é a mãozinha no queixo.

A única expressão verbal possível do blasé é "meu querido".

Blasé só usa blaser.

Atitude blasé é a indiferença estudada. Mas há blasés com indiferença analfabeta-funcional também.

Atitude blasé é algo deprê.

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