29 de nov. de 2010

As aparências esganam


(Tira da série Um pamonha de Piracicaba)


Na noite do último domingo, as matérias da tevê sobre a ação policial no Complexo do Alemão explodiram em audiência. Na mesma noite, o cantor e compositor Léo Jaime, ídolo musical dos anos 80, combatia em outro front. Na internet.

Um internauta insone, em vez de assistir a tevê, resolveu fazer uma referência nada elogiosa à pança do cantor no Twitter. A grosseria gerou um caminhão de respostas ao tuiteiro com o rei na barriga. Em meio a defesas feitas pelos seguidores de Léo, o próprio assim se manifestou: “Eu não sou bonito mas tenho o maior corpão”.

É fato que as mulheres tem dificuldade para aceitar homens com quilinhos a mais. A não ser que esses quilos sejam adquiridos após o casamento, sob a cúpula do lar-doce-lar. Se a casa for adoçada com gotinhas de algum produto diet, melhor ainda.

As componentes do sexo feminino sofrem pressões da moda, da televisão e de outras mulheres para perderem todo o peso necessário. A tal pressão não deixa de ser um peso para se carregar. Mais um.

Para o parceiro da mulher incomodada com culotes indesejados, a questão é irrelevante. Afinal, num relacionamento saudável, o rapaz não deseja apenas saciar a fome de carne. Se a questão for somente essa, ele pode procurar uma churrascaria e se esbaldar. Sai até mais barato que namoro ou casamento.

O rapaz com amor no coração quer achar a sua cara-metade. Porque não dá pra ficar andando por aí com uma metade faltando. Independente da outra metade ser um espeto de churrasco ambulante. Com ou sem o churrasco no espeto.

Já tentei namorar uma moça fora dos padrões de beleza atuais. Imagino que o namoro tenha terminado por conta das minhas curvas, dignas de uma rodovia repleta de pedágios, e não as dela, sem placas de alerta na estrada.

O cantor Léo Jaime se declarou feliz possuidor de um corpão. Vou dizer o mesmo para minhas futuras namoradas. Quem não aceitar o meu corpão, com curvas perigosas e tudo, que faça uma lipoaspiração nos neurônios.

28 de nov. de 2010

Seis a um



As moças da foto, compenetradas como elas só, são alunas do curso de Redação Jornalística do Senac, em Piracicaba. O semicareca de olhos verdes é o dono deste blog.

O blog do curso, em construção, terá a produção das moças de classe. E do moço desclassificado também.

Enquanto não há textos da turma a mostrar, fique com os rostos femininos aí de cima. Você não vai achar ruim.

22 de nov. de 2010

Só desenhos

O Novo Brazil Cartoon está abrigando blogs exclusivos de artistas gráficos brasileiros e internacionais.

O meu blog é este aqui.

Aguardamos sua visita.

17 de nov. de 2010

Deus lhe pague, Padre Marcelo

Dia após dia, Deus empresta seus ouvidos às preces de fiéis espalhados pelo planeta Terra. Já o padre Marcelo Rossi deve ter ficado de orelhas em pé com os recordes de vendagem de seus CDs nos últimos anos do século vinte. Antes, é claro, da aparição de um concorrente de peso: o padre-galã Fábio de Melo.

O novo livro do padre Marcelo, Ágape (“Amor” em grego), teve lançamento no ginásio de esportes de um colégio tradicional de Piracicaba, no interior de São Paulo. A maratona de autógrafos aconteceu dois dias após o último feriado de quinze de novembro. As viagens para lançamentos semelhantes em outras cidades devem acontecer em seguida.

Para este pobre pecador que vos digita neste instante, a busca de informações sobre o lançamento do livro começou com um telefonema ao número impresso nos cartazes de divulgação. Uma voz cavernosa, provavelmente emitida das profundezas do inferno, reagiu mal à pergunta sobre um provável papo com o padre, num horário alternativo ao dos autógrafos. Depois do “não” curto e grosso, seguido de um telefone desligado na cara da voz resmungona, este peregrino que vos escreve marchou rumo ao ginásio.

Numa avenida próxima ao Rio Piracicaba, sob um sol de fazer corar um padre de pedra, a entrada do evento estava tomada por funcionários da livraria responsável pelo lançamento. Senhoras perguntavam o preço da obra do padre e ali mesmo assinavam cheques de vinte reais, o valor de cada exemplar do livro.

Seguranças de ternos sombrios e caras idem espalhavam-se por todo o ambiente do evento, tomado por cadeiras de plástico, dessas comuns em praias e churrascos de fim de semana. Uniformizadas de branco, morenas e loiras sorridentes cumprimentavam os passantes, cada um com seu livro na mão.

O respeitável público, ocupante da maioria das quatrocentas cadeiras do recinto, era composto por mulheres da “melhor idade” e seus acompanhantes. Nos fundos do ginásio, embaixo da tabela de basquete e ao lado da saída de emergência, um banner-outdoor trazia o anúncio do livro do padre Marcelo. Numa pose compenetrada para a foto do banner, olhando para o Altíssimo, o religioso parecia mesmo é olhar para a frase do anúncio: “Ágape, um livro que fala ao coração”.

A obra teve sua redação iniciada num momento delicado para o pregador: após uma cirurgia e o período de recuperação. Nesse período, o padre chegou a aparecer na televisão de cadeira de rodas, amolecendo o coração de quem se acostumou a vê-lo em suas saltitantes pregações. Recuperado, o religioso concluiu o livro, com interpretações pessoais para salmos do Evangelho de São João.

Se o padre Marcelo teve uma santa paciência para se recuperar, os compradores de Ágape usaram do mesmo recurso para encarar a longa espera por um autógrafo. A vigília não abafou o eco das discretas vozes em desencontro por todo o ginásio. Próximas à arquibancada, ladeando o canto esquerdo do local, os fãs aguardavam o momento do contato com o autor. Atrás das últimas almas da fila, um segurança zelava pela paz do senhor. Que vinha a ser o senhor sentado à mesa de caneta em punho, assinando, conversando e abençoando.

Examinado o ambiente, o peregrino que vos relata quis usar a saída de emergência sem se fazer notar, já que não havia comprado o Ágape. Uma moça envelopada com um blazer barrou a retirada: “Já autografou seu livro?” Diante do meu “não” curto e fino, a vigilante fez cara de censura, mas liberou a saída. Deus lhe pague, meu anjo!

10 de nov. de 2010

Quem quer dinheiro? O Silvio...


Essa minha charge saiu num extinto portal de internet, há nove anos. Com o estouro da primeira bolha de internet, o portal saiu do ar.

Agora o apresentador volta às manchetes, inclusive na rede Globo, após ver seu Banco PanAmericano sofrer um rombo bilionário.

A salvação da pátria para o empresário e seu Banco veio com os recursos injetados pelo Fundo Garantidor de Crédito, que taparam o buraco.

O resto da história já é de conhecimento dos telespectadores, aposentados, pensionistas e demais tietes do empresário oitentão.

Pois é. Agora é com você, Silvio!

2 de nov. de 2010

Herói de quem mesmo?

Nesse dia meio mortão de Finados, vi na televisão que haverá mais um Grande Prêmio de Fórmula 1 em Interlagos.

Já vão longe os domingos em que Ayrton Senna inoculou nos brasileiros a necessidade de sempre comemorar uma vitória sua toda semana na Fórmula 1. De preferência com a narração em altos brados do locutor Galvão Bueno.

Quanto a Interlagos, jamais coloquei os pés no autódromo de mesmo nome. No bairro paulistano já andei e frequentei casa de amigo, em churrascos e encontros que não comemoravam exatamente vitórias de pilotos brasileiros nas corridas dominicais.

Ayrton Senna, coitado, não sobreviveu como mito para as novas gerações, por mais que se force a barra para isso. Em vida, plantou a semente para um instituto de projetos sociais e aprovou um gibi com seu nome no diminutivo.

Volta e meia o gibi Senninha volta às bancas, mas jamais teve vendas expressivas. Talvez porque o personagem seja tão insosso quanto seu inspirador. Que graça pode ter um menino que só pensa em correr? Assim o tipo jamais chegaria a lugar algum. Talvez à vitória, mas e daí? Tanto Senna correu que chegou cedo demais. À morte.

E já que ainda estamos no dia de Finados, cabe a lembrança de quem um dia quis ser muito vivo ganhando todas e acabou arrebentado num muro. Belo legado para as novas gerações.