29 de abr. de 2012

Pitacos sobre coisas que não "curto"...

... mas são pitacos que outras pessoas "curtiram" no meu Facebook.


1. Convicção reforçada a cada dia: não ir correndo aos cinemas quando se anuncia "um grande lançamento". Em muitos casos e em muitos filmes, não vou depressa, nem devagar, nem amarrado.


2. Gente de suposto nível universitário, que deveria escrever decentemente ao menos um bilhete de "Vou comprar pão ali na esquina e volto já", continua dando shows de desatenção, devoramento de letras indefesas e má conjugação de verbos nas redes sociais.

Diante desse ambiente apavorante, começo a preferir os analfabetos funcionais. Pelo menos eles não dispõem de salto alto nesse departamento.

(As exceções sempre existem, é claro. E são elas que continuam salvando a pátria amada. Salve, salve!)


3. Ouvi no rádio uma pessoa que desconhece a existência das vírgulas. Ela desesperada pra falar tudo, como se desconfiasse que a voz irá desaparecer para sempre no segundo seguinte. E esse "tudo" é um amontoado de frases-feitas: misto de autoestima elevada e autoajuda irrelevante. Haja!


4. Nelson Rodrigues referia-se aos "desconhecidos íntimos", leitores de suas colunas nos jornais. Hoje, qualquer pessoa tem seus "desconhecidos íntimos" nas redes sociais.

São tantas conexões - entre amigos, amigos dos amigos e conhecidos dos conhecidos - que você confere a lista de "amigos" e acaba concluindo o óbvio ululante: não conhece ninguém de verdade.


5. Quem usar de novo a frase "somos criativos", tentando me convencer a utilizar seus serviços, vai me convencer em definitivo da sua falta de criatividade.


6. Usar uma expressão em desuso, como "virar o disco", pode provocar a seguinte pergunta de um moleque da geração Y: "Virar o disco rígido? É tipo isso?" Outra expressão, "queimar o filme", ainda faria sentido num mundo onde até celulares tiram fotos, sem filme algum?

27 de abr. de 2012

Cuidado com os caras legais

Você deve ter cruzado com um cara assim, com uma cara assim, em algum dia da sua vida.

Esse é o cara em quem você, todo apressadão, tentando achar a rua que nunca aparece na sua frente, esbarra na calçada.

Na rua onde você imprime suas pegadas, você não queria estar. Porque não é a rua do seu compromisso inadiável.

Você olha a cara do cara. Parece o cara mais honesto, mais confiável do mundo. Ideal para você depositar suas esperanças. Um cara com cara de GPS ambulante.

Você pergunta a ele qual é a rua-tal. Aquele cara de cara límpida, íntegra, calma, olha para a sua cara ansiosa. E faz o que nenhum cara com essa cara faria: ri da sua cara.

A rua-tal, a rua do seu compromisso, é a mesma rua em que você está. A rua que você não se deu ao trabalho de olhar o nome nas placas das esquinas. Por conta da pressa e do desespero em chegar ao seu compromisso.

Esse é o cara. O cara-de-trouxa que você achava servir apenas para lhe dar a sua sagrada informação. O cara que riu da sua pressa, da sua desatenção e da sua cara.

Esse é o cara que você nunca mais desejará que cruze o seu caminho.

E agora? Onde você vai enfiar a sua cara? Na rua-tal ou na rua-que-pariu?

23 de abr. de 2012

Tudo tem uma primeira vez nessa vida...

... inclusive a criação de caricaturas de professores.

Nerd incorrigível, jamais cometi transgressões em aula. A não ser numa prova de Química, respondida da forma mais irônica possível.

As caricaturas ao lado retratam meus professores de Design Gráfico na Unimep. Não foi dessa vez que os deixei fulos da vida.

22 de abr. de 2012

Ela pensa, vê que não compensa, aí dispensa

Se uma mulher, feito essa aí do desenho, se colocasse à sua frente, o que você faria?

Não sabemos se você faria alguma coisa. É uma pergunta hipotética, talvez patética. Mas admita a hipótese, seu estraga-prazeres.

Talvez a primeira coisa a fazer fosse a mais sensata: contemplá-la. Só que tudo tem um porém. E mulher costuma adivinhar pensamento masculino.

Ela primeiro pensa no olhar do babão a observá-la: "Tá pensando o quê?" Para não dar um tapão na cara do inconveniente, ela vira as costas e vai embora. E o observador hipotético, agora patético, vira as costas e vai embora. Em direção oposta à da moça, infelizmente.

E ainda bem que isso é só uma hipótese. Mera encheção de linguiça pra preencher esse espaço lateral em branco que fica ao lado dos desenhos do blog. Um dia eu aprendo a colocar ilustrações na largura total das postagens.

Alguma mulher me ensina HTML? Prometo olhar apenas para a tela do computador.

19 de abr. de 2012

Fica a dica: como sobreviver no mundo virtual

Chame a atenção de uma vez por todas. Coloque no endereço de e-mail TODAS as letras do seu nome em caixa alta. Nas suas mensagens idem.

Arrume um inimigo eterno. TODAS as vezes que precisar escrever o nome do seu interlocutor, tire o acento do nome dele.

Contagie-se com a sapiência alheia. Sempre que gostar com uma frase de efeito irrespondível, responda-a. Não ria apenas: interaja!

Use e abuse dos clichês e lugares comuns. Sem eles, você não será um ser antenado: #fato

Seja um conselheiro virtual, um manual de autoajuda 24 horas. Principalmente depois de ter tomado um pé na bunda do ser amado.

O português ainda não é língua morta feito o latim. Continue gastando seu latim nas redes sociais, contribuindo para a agonia da nossa língua.

18 de abr. de 2012

Ele vestiu a camisa do rock

Marcelo Nova é o cara de uma banda de rock com nome maldito nos anos 80: Camisa de Vênus.

O nome, as gravadoras queriam trocar. As pessoas tinham vergonha de pronunciar.

Os tempos são outros. A atitude rocker de Nova continua intacta.

E ainda bem que ele embalou os últimos dias de Raul Seixas, com quem fez o disco "A Panela do Diabo".

17 de abr. de 2012

Guitarras fofas e barbas crescidas


Na segunda década desse novo século, tenho sido advogado involuntário de ritmos e canções e intérpretes jamais imaginados. Não que eles precisem da minha defesa, é claro.

No caso de Marcelo Camelo e sua antiga banda Los Hermanos, a defesa possível vem de um batalhão de fãs e de uma crítica pra lá de benevolente.

Camelo e seus Hermanos são parentes poéticos da geração de Renato Russo? Podem até ser. Mas haja deprê disfarçada de melancolia fofa.

No rastro do líder e ex-líder de banda (porque a banda volta e meia volta), surgiram outras bandas e outros barbudos. O que seria melhor para a evolução da música brasileira: bandas melancólicas acústicas ou uso esporádico de barbeadores elétricos? Os fãs decidem.

15 de abr. de 2012

Um Zeca Baleiro, Braseiro e Brasileiro

Enquanto um José Ribamar sai de cena por breves instantes num hospital em São Paulo, outro José Ribamar sobe num palco para lançar um CD na Terra da Garoa.

O primeiro José citado, de fumaças literárias irrecuperáveis, é o primeiro presidente da Nova República.

O segundo José citado, cuja verve fumegante não dispensa a construção de versos poéticos em canções idem, é o Zeca Baleiro.

Os dois Josés vieram do Maranhão. Semelhanças entre os dois, só de nome e estado de origem.

Há gostos e desgostos para tudo e para todos, até para os marimbondos de fogo de um livro do ex-presidente. Prefiro a arte de Baleiro.

No estado terminal do mercado de discos, noventa por cento dos artistas prefere apenas "sentir", deixando de lado o "refletir". Nesse ambiente contagioso, por vezes contagiante, Zeca é a exceção honrosa. Em seu cancioneiro, junta sentimento não-umbigal com reflexão impiedosa.

Você deve conhecer alguma canção do compositor. Se não conhece, deve conhecer de verdade.

"O Disco do Ano", cujo show de lançamento acontece em São Paulo dia 16, está disponível aqui.

14 de abr. de 2012

Exemplos de como cuidar da própria vida

Ah, como eu me lembro disso.

Um conhecido deixou certos aditivos de lado, emagreceu. Este que vos escreve, inimigo de certos aditivos, engordou.

Recuperado dos excessos, praticados ao longo de uma vida inteira que estava ficando pela metade, assumiu um papel de bom moço. Só faltou a auréola no topo da cabeça.

Falou de como tinha melhorado sem os tais aditivos. De como tinha recuperado a respiração, o fôlego. E outras coisas e tais.

Até que veio o golpe fatal. Observando minha pança saliente, observou que eu também precisava melhorar minha saúde.

Um amigo, também ex-praticante de aventuras aditivas, jamais posou de bom moço. Nunca posou de guardião da moral e dos bons costumes. Tinha o maior bom humor, às vezes contra ele mesmo.

O conhecido está aqui. O amigo se foi.

E eu fiquei pensando no exemplo do bem-humorado desaparecido. Um cara que jamais quis ficar apontando o dedo em direção ao nariz de quem quer que fosse.

13 de abr. de 2012

Em Santos não tem só praia e Neymar, não

A moça da caricatura é designer na cidade litorânea citada no título da postagem.

Alguém do respeitável público desse blog sabe o que faz uma designer?

Alguns leitores devem saber.

Em geral, quem não sabe acaba enrolando a língua pra designar a profissão. Dou uma dica.

Leia a entrevista do link e descubra quem é a Márcia Okida por trás da profissão.

Sim, a Márcia é a moça da caricatura.
Que está menos caricatural do que poderia. A retratada não reclamou.

12 de abr. de 2012

André Frateschi & Miranda Kassin

Essa não é exatamente uma caricatura: está mais para retrato rabiscado. O desenho está aqui para homenagear dois intérpretes estupendos.

O CD do casal foi comentado por mim em 2011. O artigo é campeão de acessos.

Um disco novo de Miranda Kassin vem aí. Meus ouvidos aguardam ansiosamente.

9 de abr. de 2012

Saio da vida para cair na rede

Tchau, vida privada. Um estranho exercício, de cuidarmos da própria vida. De ficarmos quietinhos no nosso canto. De não nos metermos na vida alheia. De vivermos uma rotina de trabalho, de lazer, de risadas. De cuidar da família, dos bichos de estimação. De irmos à esquina tomar umas e outras. De viver e conviver. Com discrição, compostura e uma consciência saudável de um anonimato necessário.

Você viaja, faz um montão de fotos. Em vez de esperar pela volta, para mostrar aos amigos seus caminhos e descaminhos, num lugar nunca dantes navegado (e para deixá-los roxos de inveja da sua viagem), você não resiste e manda às redes sociais as suas andanças, minuto a minuto. Se perigar, sua câmera curtiu a viagem mais que você, o ansioso que não tirava os olhos da lente da máquina.

Você vai ao bar descolado da moda. E não descola da lente da tal câmera. Registra passo a passo do caminho da sua casa ao bar, e do bar à sua casa, devidamente calibrado pelas bebidas e aperitivos intermináveis. E coloca tudo nas redes. Trezentas e tantas fotinhas.

Churrascos de fim de semana, aulas na faculdade, festas de casamento dos amigos. Tudo, absolutamente tudo, alcança uma suma importância. Tudo bem: nada é mais importante que a sua nada vã existência terrena. Mas daí a ser antológica para o resto da humanidade, vai uma distância. A distância entre a pura e simples cara de pau e o exibicionismo carente mais deslavado.

Adeus, vida privada. Olá, iPad.

4 de abr. de 2012

As mulheres dizem que os homens são todos iguais...

... mas alguns homens são mais iguais que os outros.
Os sertanejos universitários, por exemplo.





2 de abr. de 2012

Parabéns, Liga da Comédia!

Stand up comedy parece fácil, né? Vá você subir num palco de bar e tomar latas de cerveja na sua cara de pau!

A Liga da Comédia (Caique Torresmo, Bruno Costoli, Thiago Carmona e Myriam Campas) toma cerveja. Mas pra celebrar seus três anos.

Vá por mim. A Liga é um show: toda terça, em Belo Horizonte.

1 de abr. de 2012

Primeiro de Abril

- "Estou gorda?" Pergunta que nenhum homem pode responder a uma mulher com sinceridade absoluta, seja no Dia da Mentira ou em qualquer outro.

- Dia da Mentira é fácil. Queria ver um Dia da Verdade. O mundo acabaria em horas: sem necessidade de efeito estufa e derrubada da Amazônia.

- Dia da Mentira: ideal pra rir de quem emite aquela frase com a expressão inocente digna dos melhores caras de pau: "Eu sou muito sincero".

- No Dia da Mentira, com esse clima politicamente correto, se alguém contar história de pescador, será desmentido pelos peixes do rio.

- No Primeiro de Abril, há a celebração da mentira. Nos outros dias do ano, ficamos com a velha e boa hipocrisia mesmo.

- No Dia da Mentira, o que não falta é dono da verdade.

Paula Fernandes e uma voz amiga

Essa semana morreu o humorista Millôr Fernandes.
A Geração Y, ofendida pela aparição de alguém fora do seu universo-umbigo, fez a imediata indagação: "Quem foi Millôr?"

Sei que ele nunca foi pai da Paula Fernandes cantora. Era pai de outra Paula. Não a cantora que o Brasil ama.

Uma amiga conhece a Paula cantora. Até passou links com os sucessos da popstar tupiniquim.

Não cabe a mim dizer isso ou aquilo de Paula Fernandes. Para a minha amiga, deixo um retrato da sua intérprete predileta.