Existem por aí umas brincadeiras de roda - ou melhor: de redes. Um ou outro tuiteiro ou blogueiro propõe, vez por outra, listas disso ou daquilo.
No caso deste que vos escreve, atendi a uma sugestão da Carla Ceres, que indicou dez amigos para fazer uma lista de dez coisas detestáveis. A lista incluiria fotos para ilustrar as dez antipatias do escrevinhador.
Por estar envolvido em outras tarefas envolventes do meu dia a dia, como a lavagem diária de louça em três turnos, acabei não escolhendo qualquer imagem pra ilustrar a tal lista. Resolvi escrever o que odeio juntando alguns comentários. Tipo extras de DVD, sabem?
1. Café requentado - Duro é lembrar de tomar um cafezinho às dez da manhã. Duro é tomar café engarrafado. A pedreira suprema e definitiva é não dar o braço a torcer. E esquentar o café que já está há séculos na garrafa.
2. Inverno - Calor faz a gente suar. O que me soa mal é o frio. Todas as blusas deste que vos digita estão com os braços enrugados. Porque me dá coceira vestir roupas compridas. Mas só acontece com blusas. Com jeans, não.
3. Gente blasé - Em geral, essa gente não ri pra fora: ri pra dentro. Deixa escapar, quando quer fazer uma concessão aos pobres mortais ávidos por sua sapiência, um esboço de sorriso de canto de boca. Blasés sempre possuem uma ironia na ponta da língua, que costuma ser venenosa. Amo muitos exemplares dessa espécie encontrável em mostras de arte, baladas descoladas, cafés culturais. Porém, a convivência permanente com tais seres costuma ser letal.
4. Café expresso - Demorei pra gostar de capuccino, bebida típica dos blasés descritos no tópico anterior. Café expresso, sinto muito, não gosto até hoje. Ainda mais se vier acompanhado de uma cara de bunda no balcão, perguntando de modo ríspido e inquiridor: "O que você quer?"
5. Simpatia pré-fabricada - Típica de apresentadores de televisão, de publicitários, de colunistas sociais, gente que cruza contigo numa roda, te achando importante o suficiente para dela merecer um sorriso polido porcelanado. Frase típica do sorridente de plantão: "Obrigado pelo carinho!"
6. Colher de chá - Sabe a expressão "dar uma colher de chá"? Quem está com dó de você, por não ter conseguido fazer alguma coisa pra ele, te dá a colher de chá. Faz pra você. Atestado de incompetência, é isso aí. Mães que mimam os filhos tem estoques de colheres e de chás variados para as mais diversas ocasiões. Aplicável a homens, mulheres a demais animais domésticos de idades variadas.
7. Nervo exposto - Um dor inigualável, não recomendo. Vá ao dentista mais próximo.
8. Mulher dissimulada - Adianta nada eu gostar ou deixar de. Elas existem, e pronto. E a gente, essa espécie homérica e sapiente, vive correndo atrás delas.
9. Rúcula - Ridícula.
10. Chá de sumiço - Saída à francesa, dar no pé, bater em retirada. Não costumo fazer isso, o que só aumenta minhas possibilidades de desenvolver uma úlcera. É a vida, é a vida, que nem sempre é bonita, ao contrário dos versos do filho do Gonzagão.
3 comentários:
Olá, Érico... sua lista deu-me muitas lições... E, aproveito para parabenizá-lo pelo exercício de lavar louça em três turnos!! Uau!!
Abraço, Célia.
Faltou a décima primeira coisa detestável: ter que desenhar rúcula. Foi por essa repulsa gráfico-gastronômica que a lista ficou em prosa, né? rsrsrs
Gostei muito, Érico. Obrigada por participar! Beijos!
Gostei da sua lista, diferente e engraçada. Concordei com quase tudo. As exceções são o café expresso, que não gosto nem desgosto, e a rúcula (eu gosto) Abraço! P.S.: Publiquei hoje a minha lista. Vai lá pra você ver :)
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