9 de mar. de 2010

Dia da Mulher - e de teatro também

Ontem, Dia Internacional da Mulher, participei de outra aula do curso de teatro promovido pelo Sesi de Piracicaba.

Desta vez, a aula não foi no palco do teatro da instituição, mas no andar superior. Para os calouros na arte do fingimento com técnica, tivemos a agradável sensação de estar subindo degraus acima no aprendizado. Que não foi fácil, como sempre, mas sem desafio a vida não tem graça.

A primeira parte da aula se deu com os alunos agrupados em duplas, deitados em colchões, nos inevitáveis alongamento, aquecimento e relaxamento. Estalos em diferentes corpos e partes deles foram a trilha sonora daquele momento. Sorte que a minha parceira de sacrifício dominava a ginástica. Na minha vez de alongá-la, pelo menos ela saiu viva e andando.

Os exercícios feitos em trânsito, com movimentos frenéticos de pernas, braços, bocas e olhos, sugeriram um engarrafamento humano. A sorte é que nesse espaço não havia gente xingando a mãe do desavisado transitante ao seu lado.

Após as sequencias de exercícios, cada aluno leu e interpretou, ao seu modo, um texto previamente escolhido. O que mais se ouviu foram textos poéticos, geralmente de autores consagrados, como Manuel Bandeira, Fernando Pessoa e Vinicius de Moraes.

As exceções ficaram por conta da encenação silenciosa de uma ilha deserta por uma dupla (onde um dos atores era o vento), a interpretação intimista, mais pra tímida, de uma canção de Ivete Sangalo, uma cena de cotidiano sem palavras e uma enérgica leitura de um texto recheado de palavrões dirigidos a uma sociedade mais podre que qualquer insulto.

Este que vos digita experimentou a leitura, com direito a trejeitos aflitos, de um texto onde era descrita a via-crúcis de um ex-fumante, em tempo real, numa noite de fim de semana. Nunca fumei na vida, mas a aflição até que caiu bem no personagem. As palmas dos colegas da platéia acalmaram a aflição natural do candidato a ator.

O passo seguinte se deu com a divisão do grupo todo em células menores. Coube a cada grupelho a encenação de um poema de Drummond (aquele da "vida besta, meu Deus"), só que em imagens. Todos, pelo que vi, conseguiram pegar o espírito da coisa, uns mais, outros menos. Pena que, na vez do meu grupo, não dava pra ver o que nós próprios fazíamos. Um monitor de tevê cairia bem naquele momento.

Após os avisos de fim de aula e a assinatura de presença, saímos desconjuntados, em cérebro e físico, mas felizes. E prontos para a próxima aula, "eterna enquanto dure", como diria Vinicius de Moraes. A citação do Poetinha mostra que também captei o espírito feminino do dia 8 de março.

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