28 de mar. de 2010

De Harpo à harpa

Harpa eu só tinha visto em filme dos irmãos Marx. Parava tudo, e cada irmão fazia a sua cena. Na sua deixa, Harpo Marx tocava harpa, fosse qual fosse o momento do filme.

Na última sexta, no teatro do Sesi Piracicaba, consegui ver uma harpa nas mãos de uma pessoa diferente, e ao vivo, num show só para elas. O plural se refere a Cristina Braga, harpista do Teatro Municipal do Rio de Janeiro, e a seu instrumento. Era um espetáculo de música popular brasileira, a tal MPB. Voz e harpa.

O show trouxe a harpista e um acompanhante ao violão. Cristina tem uma voz tão sussurrante que em alguns momentos fiquei sem entender o que ela cantava. E mesmo em canções mais pops, ágeis ou dramáticas, o sussurrar se mantinha. Um sopro de palavras.

Gostei do arranjo blues para Inutil Paisagem, de Tom Jobim e Aloysio de Oliveira. Mas o músico de coração da harpista chama-se Heitor Villa-Lobos, de cujo repertório ela tocou o que talvez seja minha peça preferida: Melodia Sentimental. Sem a letra de Manuel Bandeira, mas emocionante mesmo assim.

Várias canções inéditas do repertório do CD novo da intérprete, a ser lançado em maio pela Biscoito Fino, foram mostradas no show. E Cristina mexeu com o instrumento ora como harpa, ora como violão. Mexeu comigo também. Em tempos de pirataria deslavada, vou reservar uns tostões para comprar o CD, um mimo que vai se tornando tão raro quanto... uma harpa.

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