É noite. Chega-se em casa. O portão não abre. Emperrado.
A chave não gira na fechadura. Vem uma irritação. Quebra-se a chave. Um suspiro é emitido. O celular sai do bolso. O chaveiro mais próximo é acionado.
A calçada acolhe uma bunda. A calça limpa, o cimento sujo. Um palavrão ecoa na noite. O vizinho acende a luz. Pensa que é briga.
Apaga-se a luz. Nada demais. A luz do poste apaga. A lua ilunina o céu. Um gato faz uma ode à lua. O chaveiro demora. A irritação reaparece. No chão, uma pedra. O gato foge. A pedra passa longe do bicho.
O vizinho solta um grito impublicável. O gato é dele.
Um carro acende o farol. Ouve-se um esvaziar. O pneu furou. Do carro, sai um pedido de socorro. O estepe sai do porta-malas. O socorrido ajuda no transporte do pneu.
O pneu cai no pé do motorista. Outro grito pungente se ouve. O vizinho abre o portão de sua casa. Vê o que há. O pneu rola pela rua. Os envolvidos no socorro saem correndo. O estepe fujão desliza pelo asfalto.
A rua aquieta. O chaveiro dorme sossegado em casa. Como um anjo.
3 comentários:
rsrs você já é um escritor, ô. querendo ou não.
Também acho. E esse texto passa perto da poesia. Parabéns!
Ok, Érico. Eu havia perguntado se o dono do chaveiro não teria, por acaso, bebido todas. Aí, acho que ele ainda passou por aqui cabaleando, tropeçou e bateu com o braço no meu comentário que tava entrando...
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