31 de jul. de 2009

Artista com pedigree, público vira-lata

Em geral, o público costuma ir a espetáculos para se deliciar com a presença do seu artista idolatrado-salve-salve, não é? É.

Nesta sexta, quis conhecer de perto uma pessoa que eu nem imaginava existir: a cantora Isabella Taviani. Como bônus, conheci seu séquito de fãs, concentrados na porta do teatro do Sesi Piracicaba desde a tarde do show.

Com cinco minutos na internet, descobriria o essencial de Isabella. Mas achei por bem sentir a primeira impressão, que é a que fica, ficando na platéia.

A artista entrou no palco pouco depois das nove da noite, acompanhada de seu violonista. Era o último show de uma turnê, às vésperas do lançamento de mais um CD inédito.

De cara, ou de ouvido, percebi a linhagem à qual Isabella pertence: a das cantoras imponentes e suaves, com a balança pendendo para a imponência. Imponência, eu disse.

As canções têm uma pegada rítmica que reforça o convite à exploração de imaginações nunca dantes navegadas. Certas fanáticas de plantão, mordendo a isca jogada pela intérprete, ameaçavam perder a linha.

Nunca ouvi tantos adjetivos dirigidos a uma mulher em tão curto espaço de tempo. Discreta, ora a cantora agradecia, ora se encabulava. Mal Isabella enxugava o suor, uma voz na platéia gritava: "Tô com vontade de me enrolar nessa toalha!" Seguiram-se outras frases de fazer corar um popstar de pedra.

Uma hora e dez minutos depois, show encerrado. Naquele vácuo entre o fim da função e o inevitável bis, mais um brado retumbante de fã traduzia o sentimento geral: "Você foi embora mas eu te amo, viu!"

Antes que a galera devorasse a ídola de modo nada antropofágico, eu é que tratei de me escafeder dali. Antes mesmo da volta para o bis.

A artista tem pedigree, mas o fã-clube carrega uma aura de viralatice ancestral em suas coleiras.

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