14 de jun. de 2011

Uma animação "desanimada". E comovente

Vi um desenho animado de chorar. Não é uma animação ruim. Pelo contrário: é emocionante.

Trata-se de Mary e Max, de Adam Elliot. O longa-metragem, de 2009, foi feito com bonecos de massinha, na técnica de animação conhecida como stop-motion, onde se filma cena a cena, movimento a movimento dos bonecos e cenários.

Usando um mote relativamente explorado em cinema e literatura - a troca de cartas entre personagens aparentemente incompatíveis - , o diretor extrai inesperada humanidade dos protagonistas da animação. E nos faz sentir, os espectadores, meros bonecos desarticulados, capazes de toda a desumanidade possível.

Mary mora na Austrália, tem mãe alcoolista e pai ausente, sofre humilhações na escola, tem um vizinho que perdeu as pernas na Segunda Guerra Mundial. Max mora nos Estados Unidos, em Nova Iorque. Obeso, transita de emprego em emprego e frequenta os Comilões Anônimos.

Por um desses acasos que podem determinar o destino de uma pessoa (no caso, o destino dos personagens-chaves da história), a mãe de Mary, cleptomaníaca não-assumida, foge do Correio após mais um de seus pequenos roubos.

Na fuga, a menina é levada pela mãe com uma tira rasgada da lista de endereços do Correio. Antes do roubo, Mary tinha escolhido na lista um nome para se corresponder.

Na companhia de um gato caolho e um peixe substituído de tempos em tempos, Max recebe a carta da garotinha, que vai se revelando e crescendo carta a carta. Ele encontra um estímulo para a vida na atenção que a menina lhe dedica, e lentamente se abre também.

A animação de Adam Elliot tem algo de grotesco, se comparada às produções da Disney, e agora da Pixar. As animações das duas produtoras, agora unidas num mesmo conglomerado, mantém a tradição de roteiros excelentes mas açucarados, para agradar a toda a família.

Já a "desanimação" Mary e Max carrega nos cenários monocromáticos, na dramaticidade das situações, nos descaminhos que a menina e o senhor percorrem ao longo dos anos, separados apenas pela caixa de Correio.

Fazia tempo que não chorava diante de uma tela. Mary e Max me fez derramar as lágrimas que andavam longe dos meus olhos.

3 comentários:

Regina Magnabosco disse...

Assisti ao trailer do filme e pareceu-me que a história é mesmo envolvente. Apesar de fazer chorar (você falou e eu acredito... principalmente no meu caso) vi que também tem muitas cenas para nos fazer rir. Valeu a dica!

Érico San Juan disse...

Oi, Regina, tudo bem? Mary e Max tem cenas para rir, sim. Mas não é aquele riso felizinho das animações Disney-Pixar... Eu que agradeço a visita ao blog!

Carla Ceres disse...

Eu não tinha reparado que o gato era caolho. :) Mais um motivo pra amar esse filme. Beijos!