No lar-adoçante-lar, a gente é ensinado a encarar as coisas de frente. Senão isso é covardia diante da vida.
Porém...
Alguém devia - na rua, no lar ou no bar - nos dizer o contrário de tudo isso. Porque em algum momento a gente precisa fazer o oposto: sair da frente. Pra manter a sanidade mental, pra ruminar desconsolado diante da impossível vitória. Até pra não levar cacetada e consequentes treze pontos no nariz.
Quem leva a faixa no protesto da vez, combinado na rede social entre trocentos seguidores, quer aparecer mais que os outros, embora morra sem admitir o óbvio (ou perder a ternura, que é mais bonitinho). No mínimo, periga aparecer uns dois segundos no telejornal da noite. E posa de herói quando volta pra casa. Todo felizinho.
A glória acaba quando os pais reclamam que o protestante chegou mais tarde que deveria. E o desmascarado ativista, como consolo, vai choramingar na rede social a seus fiéis seguidores.
Todo mundo curte a atitude do líder de fim de semana. Que não vai poder ir pra balada no dia seguinte, como castigo pelo desserviço prestado à autoridade paterna.
Imagina se a massa disforme de seguidores de redes sociais resolvesse fazer diferente. Vamos dar asas à nossa imaginação suína. De espírito de porco mesmo.
O povo marcha em plena avenida Paulista, sexta-feira, na hora do rush. Os poderes constituídos já estão avisados e aparelhados. A liminar esperada para impedir a multidão não aparece. As equipes de televisão têm seus sacos preenchidos até o limite, pela espera dos andarilhos atrasados.
Chega o grande momento. O cara a cara com a lei e a ordem. Os seguidores estancam, paralisados. E fazem o que nenhuma polícia, Datena ou motoristas presos no trânsito esperavam: uma espantosa marcha. À ré!
A juvenília nerd entende, num átimo de segundo, o que é encarar a vida de frente. E cai fora, galopante na direção contrária, para pasmo geral e irrestrito. Isso é que é ser do contra.
Fazer protestos, teclando fechados em seus quartos, demora mais a arder os olhos que um gás de pimenta fumegante nas narinas. O ardor jovem não resiste a um monitor LCD novinho em folha.
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