16 de fev. de 2011

"Melhor idade"? Então tá...



(Uma tira do Dito, o Bendito que tem algo a ver com a crônica aí embaixo)


Histórias de ônibus são legais de ver. Contanto que você não esteja no horário do rush, espremido entre sovacos de odores característicos e demais espécimes animais de presença abundante nesse horário.

Sentado num ônibus, sem escapar do calor característico de fevereiro, a roleta se moveu, deixando aparecer um representante da chamada "melhor idade". No banco à esquerda da roleta, outro representante da nomeada idade melhor exercia o direito de ficar sentado. Só que o senhor deixava um lugar vago perto da janela. Isso vedava qualquer chance de outra pessoa sentar-se ao lado dele.

O senhor que transpôs a roleta deixou de lado a etiqueta. De etiqueta, mesmo, talvez só conhecesse a que costuma vir junto à sua camisa. E tratou de garantir seu direito de sentar-se, empurrando o senhor já sentado, sem qualquer cerimônia.

O senhor sentado ficou uma arara. "Que história é essa de vir sentar sem pedir licença"? O senhor posseiro respondeu com grunhidos, que revelavam sua condição de troglodita ancestral. "Tá pensando que aqui é a casa da mãe Joana?", continuava o senhor ofendido. E o posseiro rebatia xingando a mãe Joana, se é que ela tinha algo a ver com a história.

Saí do ônibus e os dois cidadãos continuavam discutindo. Sentados, exercendo o sagrado direito de ocuparem assentos em veículos de transporte urbano. Um direito garantido de um jeito meio torto, é verdade, mas direito. Democracia é isso aí.

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