Assim como a cachaça faz as vezes de divã dos mais necessitados, o plástico-bolha faz as vezes de calmante dos pobres de marré-de-si. Ou dos mais necessitados, que seja.
Se a cachaça tem um efeito relaxante mas faz seu consumidor deixar aflorar uma emoção nunca dantes conhecida, a ponto de fazer o cidadão declarar amor desmedido pelos amigos e demais seres humanos dispostos a contê-lo, o plástico-bolha só faz seu usuário relaxar, sem danos morais a quem o cerca.
No contato com as bolinhas de ar prestes a serem espremidas, feito cravos rebeldes de adolescentes idem, o cidadão estressado da labuta diária que inclui brigas no trânsito, brigas com o chefe no trabalho, brigas com o cachorro, os filhos e a mulher no dulcíssimo lar, realiza uma eficiente sessão de relaxamento.
Se a função original do plástico-bolha por décadas a fio continua sendo a de embalar produtos mais frágeis que um cachorro poodle perdido numa tempestade, cabe aos milhões de usuários do plástico expressarem gratidão aos seus inventores: deixando-se embalar pelo alívio que a explosão das bolinhas traz aos consumidores.
Mas, como nem tudo na vida é alívio, o plástico-bolha, assim como a cachaça supracitada, pode produzir dependência. Portanto, trate de explodir as bolinhas com moderação. As bolinhas do plástico, seu bolha.
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