Depois de uma certa idade, a gente se vê cercado de crianças por todos os lados. No caso deste que vos escreve, até que o cerco começou cedo.
Não, não tive filhos ainda. É que comecei a desenhar com quinze anos, trabalhando para um jornal. Ilustrava um suplemento infantil. De vez em quando, aparecia um bando de crianças, levada por professores, para visitar a redação. Eu, mais criança ainda, desenhava coelhinhos e demais espécimes animais para a criançada de plantão.
Anos depois, já devidamente chutado do jornal, e fazendo caricaturas num evento, topei com uma dessas crianças no estande em que eu estava. Não mais criança, é claro, mas veio me dizer que foi uma das visitantes que ganhou um coelho rabiscado daquela época. Abracei o cara, agradecendo pela lembrança.
Mais uns meses, e fui chamado pra fazer caricaturas numa multinacional, adivinha por quem: pelo ex-garoto, agora trabalhando na empresa.
Hoje, se não tenho crianças de própria criação me cercando, tento recuperar algo desse espírito lúdico, que muitas vezes não deixa de ser espírito de porco, ao lado dos filhos de amigos. E dos dois sobrinhos, especialistas em me fazer sorrir nas horas mais impróprias. Ou próprias, já que eles me fazer perceber que não existe sorriso impróprio.
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