4 de abr. de 2009

Eu ouvi um CD da Banda Calypso

Depois de ler o título deste post, muita gente vai abandonar este blog. Quem ficar, senta que lá vem história. A história da Banda Calypso.

Liderada pelo guitarrista Chimbinha e a vocalista Joelma, a banda se fez sem apoio de gravadoras, televisões e apresentadores paquidérmicos.

Em depoimento à revista Trip, Chimbinha conta como o sucesso veio, ainda nos anos 90. Sem grana para que as rádios tocassem suas músicas, o músico se utilizou de um expediente curioso. Em Belém do Pará, divulgou o primeiro CD da Calypso nas "rádios de poste", alto-falantes que tocavam o material.

Com o sucesso nessa mídia tão peculiar, as rádios "normais" começaram a tocar a banda. E 50 mil CDs tiveram distribuição gratuita em todos os espaços em que Joelma e Chimbinha faziam shows.

Milhões de CDs vendidos depois, o resto da história vocês sabem. Ou fingem que não.

Meu contato inicial com a banda se deu em gôndolas das Lojas Americanas, repletas de discos dos Calypso. E através de comentários familiares sobre a voz aguda e os "quilinhos a mais" de Joelma. Ignorando tais mimos à vocalista, escolhi o Acústico, de 2008, para uma audição.

As músicas da banda, ao contrário do que poderia supor este ouvinte de bossa nova e MPB, não funcionaram como castigo ou tortura psicológica. Joelma é a versão feminina de Zezé di Camargo. Cantor que também não me soa inaudível. Se fosse, isso só denunciaria minha surdez crônica.

"Doce mel", a segunda faixa do Acústico Calypso, passa perfeitamente numa prova dos nove pop. É melhor que muita bagaceira de bandas pop-rock dos anos 80. "Fórmula mágica" é outro exemplo. "Máquina do Tempo" também. Títulos atraentes, sons pop pra valer.

As canções são todas parecidas umas com as outras. Podem exalar um romantismo barato. E daí? A miscelânea chamada música pop é um repeteco permanente, mais ainda a partir do rock and roll. Tem muita música maravilhosamente elaborada por aí, mas que é um porre de ouvir. E certos deuses da MPB vivem de encher o saco dos mesmos ouvintes que os elevam ao Olimpo, adivinhem com quê? Com romantismo barato. Em MPB, no entanto, romantismo é qualidade. Na Banda Calypso, é defeito.

Joelma e Chimbinha são gênios da canção pop atual. Com o seu cancioneiro popular, varrem para debaixo do tapete parte da classe média metida a besta do século 21. Ou quase toda ela.

9 comentários:

Anônimo disse...

Uma bela critica, eu ainda não pude ver essa banda por esse angulo, é como eu sempre digo: - Decidir se eu gosto ou não da banda, eu vejo a sua trajetória e
escuto a discografia.

Escutei a musica inglês desses caras e não achei ruim, se eles mudassem o figurino, para alguma coisa mas formal, talvez o publico , como eu, não tivesse tanto preconceito, mas ai perderia a identidade da banda.

Já pensou se o Freddy Mercury, por exemplo, se vestisse de modo normal ?

Gabriel Subtil

Fabio San Juan disse...

"Milhões de CDs vendidos depois, o resto da história vocês sabem. Ou fingem que não".
Olha, dizer que vende muito NÃO É sinônimo de qualidade.
E porque a classe média não gosta também não é indicativo que tenha qualidade. Milhões de pessoas aderiram a ditadores como Hitler e nem por isso o tal merece respeito.
Não, Érico, eu, ao menos, não finjo que não sei não. Eu sei sim que a banda Calypso existe.
Mas você acaba caindo no mesmo raciocínio do Mano Caetano Veloso: se é popular, é bom, afinal, se tantas pessoas gostam é impossível não ser bom!
Esse é o mesmo argumento do balconista da sapataria: olha, esse modelo vende muito. Então só por isso tem qualidade? Ora, vamos.
O que o Caetano faz é demagogia, para se afinar com o gosto da maioria e para que gostem dele, ao se identificar com o que a maioria gosta. Cuidado para não cair no mesmo argumento barato.

Fabio San Juan disse...

"Joelma e Chimbinha são gênios da canção pop atual. Com o seu cancioneiro popular, varrem para debaixo do tapete a classe média metida a besta do século 21. "
Exagero! Isca para causar polêmica, meu caro mano.
Se os integrantes da banda Calypso são gênios da canção pop atual, isso não quer dizer muita coisa. Afinal, a canção pop atual é fraca, está num ponto baixo, e como você mesmo disse, mesmo os medalhões da MPB estão péssimos.
Mas alçar a banda Calypso a um farol no meio da escuridão não beneficia ninguém: só promove o que já existe; não mostra beleza nem trabalho artístico de alto nível escondido em meio a lixo, como você defende.
Uma música deles ser melhor que um disco inteiro dos Titãs feito hoje não depõe a favor da Calypso, depõe sim contra os Titãs.
Achar que o menos pior é o melhor é olhar o cenário musical com lentes desfocadas. Acho melhor consumir o que há de melhor, mesmo sendo antigo, do que procurar beleza nas "velhas novidades" da música popularesca feita hoje.
Que o digam Beethoven, Noel Rosa, Tom Jobim, etc. etc. Ou Cartola, Nelson Cavaquinho, etc. etc.

Genésio Lamarca disse...

eu continuo achando Calypso uma josta - e nunca ouvi uma música deles.

Pedro Alexandre Sanches disse...

Érico, não conheço esse "Acústico" ainda, tem aquela que diz "meu amor, arrumE as malas que EU vou viajar/ tchau, goodbye pra você/ Nova York, Cuba, Tóquio ou qualquer lugar/ bem longe de você"? eu amo! adoro as sutilezas - ele arruma a mala e ela é que viaja (pra bem longe dele); e ele deve ser tão mala que a fuga dela nem ideologia (Nova York? Cuba? tanto faz...).

e os últimos dez discos do Chico Buarque ninguém acha chatos, não, né?...

Zé Roberto Graúna disse...

Tem gosto pra tudo. Sinceramente, prefiro o Tiririca ou o Falcão. Nada contra o casal de "músicos" ganhar rios de dinheiro, mas eu não consigo ouvir a tal Joelma "cantando" sem imaginar que ela está devidamente sentada numa tachinha. A real sensação que tenho é que ela está gemendo ou chorando, possivelmente por nós, pobre mortais pobre$ que às vezes somos obrigados a ouví-la na TV (nem sempre dá tempo de correr e trocar de canal).
Eles são péssimos! Argh!

Érico San Juan disse...

Também acho que tem gosto pra tudo, Zé. Até para Calypso, por que não? Abraço.

Blog Érica Carreiro disse...

Ola... concordo com a crítica. Gosto não se pode discutir.. respeito se deve exigir. Se não gostem, não julgem e não falem. É melhor assim.. E defendo a banda, tanto pelo talento de Chimbinha como produtor e músico como de Joelma por sua coragem, dedicação e amor ao que faz. Hoje em dia, uma bnada popular alcançar vôos tão altos e com tantos pré-conceitos é uma novidade e deve ser aplaudida de pé sim! Cantar musicas cujas letras falam de amor e não precisam de por palavrão ou sentido duplo deveri ser exemplo para as nossas crianças que estão tão desbocadas e sem educação.. assim como muitos adultos. A questão não deveria ser: eu amo/ eu odeio a Bnada Calypso. Deveria ser: eu admiro a Banda Calypso e a apóio!!! Isso sim... e espero q o casal continue nessa luta justa e bonita em prol de letras decentes, ritmos animados e diversificados.. sem preconceito de estilo nem de nada.. Muitos não gostam, são muitos mais os que amam!!!!!!!!!!! Isso é Calypsooo!!!! E querem saber?? Se a Joelma não usasse as roupas brilhosas e exageradas que ela usa (para fazer um SHOW musical) e desse os gritos e timbres agudos que ela dá.. quem os ouviria hoje em dia??? Em que eles teriam contribuído? Sem falar nas ajudas filantrópicas que eles prestam e não alardeiam por aí para a mídia... Isso é ser agradecido ás oportunidades que a vida e Deus lhes deu... Isso é Humildade!!!!!!!!!!!!! Valeu.

Blog Érica Carreiro disse...

Escutem o Vol. 13 - Amor sem Fim... é mto legal e animado.. a cara da Calypso!!!!!!! Vlw pela oportunidade.. Abraços.