
Olivier Aniquier é o cozinheiro francês que ganhou espaço na televisão como apresentador. Nunca vi uma performance sua na TV, mas vi seu talk show culinário no Teatro Municipal Dr. Losso Netto, em Piracicaba, a 170 quilômetros de São Paulo.
A performance começa com um telão, onde o público acompanha, com trilha sonora nordestina, o olhar de alguém visitando feiras, lugares e pessoas pitorescas do Brasil.
Alguns minutos depois, ainda no telão, o astro da peça aparece saindo de um fusca. Em seguida abre-se a cortina, e ele aparece no palco empurrando o carro. A cozinha vai sendo montada pelo próprio Olivier em pleno tablado. A idéia é fazer pratos fáceis para uma noite romântica a dois. Os casais são recrutados na platéia e orientados a fazer a comida na hora.
A agilidade e o carisma do apresentador garantem o sucesso da noite, principalmente entre o público feminino. Durante a peça, Olivier arrisca uns passos de samba e interage com o Fusca para garantir a ausência de "barrigas" entre um prato e outro.
Tive lá minhas ressalvas ao espetáculo. A principal é o recurso da interação com o Fusca, nomeado pelo protagonista como bom companheiro de andanças Brasil afora. Se Olivier fosse de fato um ator, saberia manejar esse recurso com mais competência e humor.
Outra ressalva fica no "falar pra dentro" do cozinheiro. No começo da peça, não entendi bulhufas do que ele falava. Com o tempo correndo, me acostumei e compreendi melhor as palavras do francês. Ele deve saber dessa dificuldade, pois ironizou o fato no palco.
A duração prolongada da função também incomodou. Duas horas vendo alguém cozinhar é cansativo. Vai ver, fiquei mordido por não ter saboreado um dos pratos divididos com a platéia.
Terminada a comilança, Olivier mostrou no telão a homenagem que um bloco de Carnaval fez a ele há dois anos, no Rio de Janeiro. Cortina fechada, boa parte do respeitável público saiu achando Olivier uma delícia. Não só no sentido gastronômico do termo.