Como dizia, por causa do meu pai, torço pro Santos. Conheço o Pelé apenas das aparições televisivas pós-encerramento da carreira, das entrevistas nas quais ele se refere ao Pelé usando a terceira pessoa, tal qual uma entidade separada do Edson, seu verdadeiro nome. Entende? Eu nunca entendi.
Impossível ficar indiferente ao Pelé. Vi quase duas horas de lances e gols pra lá de magníficos naquele documentário de Aníbal Massaini, Pelé Eterno. O tal jogador que tanto se diz e se propaga já em estágio de lenda, quiçá divindade, realmente existiu. E aqui cabe o advérbio de modo. Cai bem um Rei do Futebol falar "realmente".
Agora que o Internacional de Porto Alegre ganhou o bicampeonato da Taça Libertadores da América, coube ao Pelé nos deixar estupefatos uma vez mais. Ele cometeu a proeza de envergar um uniforme com a cor do Inter: vermelho! Reis costumam ter lá suas doses de excentricidade, mas elas sempre chocam os cidadãos que andam abaixo de qualquer pedestal. A maior esquisitice de Pelé é cantar, compor e tocar violão. Dos males, o menor: deixa ele se vestir da cor que quiser, contanto que não se meta a cantor perto da torcida, qualquer uma.
Com Pelé para abençoar a Vila Belmiro, sempre que pode comparecer aos jogos do Santos, o time acaba de ganhar mais uma alegria: a permanência de Neymar, o garoto-prodígio. Assediado pelo time inglês Chelsea, o jogador resolveu ficar no Brasil, mediante um plano de carreira e um contrato de cinco anos com o time santista. É um fato que ajuda a torcida a esquecer a ausência de Robinho, outro garoto que impressionou a torcida da Vila.
Outra coisa para se impressionar é a minha súbita autoridade para comentar futebol, em cima do lance. Mas tudo bem: o Pelé jogou bola como ninguém e também nunca foi um bom comentarista do esporte bretão. Se derem um microfone a meu pai, periga dele falar melhor de futebol que o próprio Rei.
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