Quem sou eu para dizer o que vocês podem ler ou ouvir? Ora, eu sou um cara de pau que gostaria de lhes dar dicas do que se possa ler ou ouvir.
Feito este breve intróito, vamos ao que importa: as dicas. Quem quiser ir antes a um dicionário, para saber o que significa "intróito", fique à vontade.
Onde está o amor? (Nico Nicolaiewsky) - Não espere encontrar no CD solo de Nico o maestro Plestkaya da dupla Tangos & Tragédias. Nesse CD, o humor não dá as caras, começando pelo canto "normal" do titular da obra. O trabalho é um apanhado de canções tocadas e arranjadas no formato mais pop possível, sob a batuta de John Ulhoa, cérebro da banda Pato Fu. Se o título contém uma pergunta complicada, a resposta pode estar nas letras das músicas. Ou no coração de cada ouvinte? Vai saber.
Livro aberto - Páginas soltas ao longo do tempo (Fernando Sabino - ed. Record) - Morto em 2005, o mineiro que começou na literatura como menino-prodígio em sua Belo Horizonte natal, encerrou sua trajetória desacreditado, após a publicação de uma biografia da ex-ministra da fazenda de Collor, Zélia Cardoso de Mello. Massacrado pela imprensa após ver o livro virar best-seller, o escritor recolheu-se a seu apartamento para compilar material de uma vida inteira, que não tinha sido aproveitado em obras anteriores.
Livro aberto é um tijolaço, algo raro em se tratando do autor, sempre amigo dos formatos enxutos e mais baratos para seus livros. A coletânea é um passeio pelo tempo, englobando contos, crônicas, perfis e resenhas dos anos 30 até a década de 90 do último século. Fernando Sabino é um marco na minha vida de leitor. Como muitos, nunca entendi a casca de banana que ele próprio se atirou, ao cometer a biografia de Zélia. Mas antes isso do que não tê-lo mais entre nós. Certas ausências são irreparáveis.
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