30 de abr. de 2010

Não vou falar do Homem de Ferro

Vou falar, sim, da saúde de ferro dos velhinhos que precisam de remédio dado pelo governo.

Segunda-feira é um belo dia. Estimulante. Um marco da semana, de qualquer semana. Estímulo era o que eu precisava. Para encarar uma fila imprevisível no posto onde se busca o remédio.

O sol da última segunda-feira estava cumprindo seu papel com fervor. Na farmácia, umas cem pessoas aguardavam a vez de pegar seu remédio. Cem pessoas antes de mim, é claro. Todas resignadas com a falta de sorte, ou de dinheiro, que as fazia encarar aquele lugar uma vez ao mês.

Três horas e infinitos cafés depois, fui atendido por um funcionário pra lá de antipático, que deixou toda a simpatia pra lá. Peguei o remédio da minha mãe e tomei o caminho de volta pra casa. Na farmácia, dezenas de velhinhos, seus filhos e netos, ainda aguardavam a vez.

Se os velhinhos ainda tem saúde suficiente para esperar tanto tempo por um remédio, eu é que venho perdendo a minha saúde a cada vez que piso naquela farmácia. Pela cara de tacho dos funcionários, pelas horas de trabalho perdidas, pelos cafés pagos e enfiados goela abaixo, pela segunda-feira jogada no lixo. Mas mês que vem tem mais.

Pelo jeito, o verdadeiro Homem de Ferro é o aposentado brasileiro.

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