Gordo é o principal personagem de uma turma que estrelou doze livros, escritos por João Carlos Marinho. Ele é o autor de O Gênio do Crime, clássico da literatura infanto-juvenil que completa 40 anos em 2009.
No último sábado, a editora Global, que publica a série do gordo, promoveu uma festa para comemorar o aniversário do livro inicial da série, que já ultrapassou as sessenta edições, e continua no imaginário de muita gente por aí, incluindo este que vos digita.
A festa se deu na Fnac de Pinheiros, em São Paulo. Começou às duas e meia da tarde. No segundo andar da livraria, lá estava o escritor, sorridente como nunca, autografando seus livros para a molecada.
Embora as editoras hoje tenham esquemas poderosos de divulgação nas escolas, parte significativa do sucesso do livro O Gênio do Crime se deu de forma espontânea. Crianças liam e gostavam, professores liam e adoravam, e um fã-clube do escritor atravessa gerações desde 1969.
Após os autógrafos, que continuaram mais tarde, as crianças, pais, curiosos e convidados subiram ao último andar da livraria, onde seria exibido um trecho do filme O Detetive Bolachão contra o Gênio do Crime, adaptado da obra mais famosa do autor.
Na sequencia, depoimentos de leitores escolhidos pelo autor contavam do impacto que o livro aniversariante teve em suas vidas.
Havia professores, uma estudante de jornalismo, um aspirante a cineasta, o próprio dono da editora de João Carlos Marinho e até uma ex-babá dos filhos do autor que se tornou professora, responsável pelo depoimento mais marcante da tarde. Quando trabalhou na casa do escritor, a babá lia os rascunhos da obra enquanto estava sendo escrita. Rascunhos resgatados do lixo do escritório... Uma surpresa completa para o autor, e para o público também.
Assim como a ex-empregada, os outros depoentes tiveram sua vida profissional determinada pelo encantamento causado na infância pelo Gênio do Crime. E não conseguimos segurar a emoção. Eu, que tive o privilégio de ser o primeiro a falar, engasguei, repeti palavras, quase chorei. Mas tive a alma lavada, pois todos os outros que falaram sobre o livro não seguraram a emoção.
Após os depoimentos e as perguntas da molecada que lotava o auditório, um coquetel foi servido aos presentes. E tive a chance de conhecer o músico e compositor Beto Furquim, filho do autor, primeiro e exigente leitor dos livros de João Carlos antes de chegarem às livrarias.
O toque final da festa se deu com a distribuição do fac-simile da primeira edição de O Gênio do Crime, publicada pela editora Brasiliense, em 1969, dentro da coleção Jovens do Mundo Todo.
A edição da Brasiliense apresenta um texto com algumas variações, diferente de edições posteriores publicadas pela editora Obelisco, e em formato de bolso, pela Ediouro. O autor optou por uma linguagem mais coloquial, opção que defende num ensaio ao final da obra. A irreverência e a vasta cultura de João Carlos Marinho já valem o texto. Pena que a edição fac-similar, ao que pareceu, teve circulação restrita à festa do último sábado.
Festa acabada, e a carreira do livro O Gênio do Crime não acaba por aí. As gerações seguintes certamente terão contato com o humor e a inteligência da turma do gordo. Como eu tive.
Um comentário:
Olá,
Trabalho na Editora Global e fiquei muito emocionada com alguns depoimentos também, o João Carlos dedicou uma atenção especial a todos, foi realmente um sucesso. Espero que possamos fazer o aniversário de 50 anos do livro!
Postar um comentário