Comprei ontem o CD novo da Adriana Partimpim. Estou ouvindo ainda. Já tinha comprado o primeiro CD da série. Presenteei meu irmão e sua família com o disquinho, e comprei um pra mim.
Eu gosto da Adriana Calcanhotto, a cantora e compositora gaúcha, radicada no Rio de Janeiro, que inventou a Adriana Partimpim. E gosto do jeitão discreto de Adriana. Numa época em que celebridades nos incomodam a cada cinco segundos com declarações vazias de conteúdo e ricas em formas (que aparecem na Playboy do mês seguinte), Calcanhotto mostra apenas o que acha que deve: seu cancioneiro, e pronto.
Mas, para não dizer que não falei de flores e ignorei os espinhos, devo declarar que não aprecio algumas coisas na Adriana. Não aprecio o lado "experimental"dela.
Claro que artista que é artista faz o que bem entende. Acredito que Adriana seja honesta em sua arte, e que segue sem dor alguns padrões comerciais e artísticos que fazem seus CDs venderem, apesar dos novos tempos de downloads ilimitados.
O chato é que experimentalismos só agradam os chatos e pretensiosos, o que pra mim são mais ou menos as mesmas pessoas. O respeitável público, que de fato sustenta artistas como Adriana, praticantes de uma proposta pop mais elaborada, não quer saber dessas viagens criativas.
E outra coisa de que não gosto em Adriana é essa eterna pagação de tributo, que soa mais como pagação de pau, ao Caetano Veloso. Menos pentelha é a adoração pelos concretistas, que rendeu parcerias ótimas de Adriana com Cid Campos, filho de Augusto.
Enfim, a gente não precisa gostar de tudo o que alguém faz. Seja na arte, seja na vida do dia a dia.
Quanto à Partimpim, embora Adriana tenha o cuidado em não misturar seu heterônimo com a Calcanhotto, a ideia de colocá-lo em circulação me reaproximou do trabalho da primeira.
A leveza que Partimpim trouxe ao trabalho de Calcanhotto é uma conquista sem preço. Sem falar que, depois do surgimento da Partimpim, a sensação de voz enjoada da Calcanhotto foi para o espaço. Graças a Deus.
Se as duas Adrianas quiserem continuar brincando em serviço, mesmo com a molecagem de uma contaminando a seriedade da outra, eu não tô nem aí. Ou melhor, continuo aí, me deliciando com as duas.
2 comentários:
caramba... eu acho que sou um "chato e pretensioso" frustrado, porque as únicas coisas minhas que deram mais ou menos certos foram as caretas, e os meus experimentalismos ficaram engavetados para o meu neto publicar postumamente.
beijinhos
é só uma fase, artur. daqui a pouco eu volto a gostar dos chatos e pretensiosos de novo...
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