
Depois de ler o título deste post, muita gente vai abandonar este blog. Quem ficar, senta que lá vem história. A história da Banda Calypso.
Liderada pelo guitarrista Chimbinha e a vocalista Joelma, a banda se fez sem apoio de gravadoras, televisões e apresentadores paquidérmicos.
Em depoimento à revista
Trip, Chimbinha conta como o sucesso veio, ainda nos anos 90. Sem grana para que as rádios tocassem suas músicas, o músico se utilizou de um expediente curioso. Em Belém do Pará, divulgou o primeiro CD da Calypso nas "rádios de poste", alto-falantes que tocavam o material.
Com o sucesso nessa mídia tão peculiar, as rádios "normais" começaram a tocar a banda. E 50 mil CDs tiveram distribuição gratuita em todos os espaços em que Joelma e Chimbinha faziam shows.
Milhões de CDs vendidos depois, o resto da história vocês sabem. Ou fingem que não.
Meu contato inicial com a banda se deu em gôndolas das Lojas Americanas, repletas de discos dos Calypso. E através de comentários familiares sobre a voz aguda e os "quilinhos a mais" de Joelma. Ignorando tais mimos à vocalista, escolhi o Acústico, de 2008, para uma audição.
As músicas da banda, ao contrário do que poderia supor este ouvinte de bossa nova e MPB, não funcionaram como castigo ou tortura psicológica. Joelma é a versão feminina de Zezé di Camargo. Cantor que também não me soa inaudível. Se fosse, isso só denunciaria minha surdez crônica.
"Doce mel", a segunda faixa do Acústico Calypso, passa perfeitamente numa prova dos nove pop. É melhor que muita bagaceira de bandas pop-rock dos anos 80. "Fórmula mágica" é outro exemplo. "Máquina do Tempo" também. Títulos atraentes, sons pop pra valer.
As canções são todas parecidas umas com as outras. Podem exalar um romantismo barato. E daí? A miscelânea chamada música pop é um repeteco permanente, mais ainda a partir do
rock and roll. Tem muita música maravilhosamente elaborada por aí, mas que é um porre de ouvir. E certos deuses da MPB vivem de encher o saco dos mesmos ouvintes que os elevam ao Olimpo, adivinhem com quê? Com romantismo barato. Em MPB, no entanto, romantismo é qualidade. Na Banda Calypso, é defeito.
Joelma e Chimbinha são gênios da canção pop atual. Com o seu cancioneiro popular, varrem para debaixo do tapete parte da classe média metida a besta do século 21. Ou quase toda ela.