17 de nov. de 2014

Des(d)enho de humor

O Brasil é o país dos genéricos. Isso se aplica muito bem às profissões ligadas às artes. No caso do desenho de humor, mais ainda. Se é que ainda existe desenho de humor. Se é que algum dia existiu isso no país.

Humor é um artigo raro hoje em dia. Desenho e desenhistas existem às centenas. E existem centelhas de humor nesses desenhistas. Mas não a ponto de os qualificarem como "desenhistas de humor".

"Cartunista" o que é? Desenhista de cartuns. O que é cartum, exatamente? Nem jornalistas sabem. O que sabem é que há ilustradores, infografistas. É recorrente a pergunta sobre a diferença entre charge, cartum, caricatura e quadrinhos, conhecidas categorias do humor gráfico, estabelecidas em salões de humor.

É uma pergunta que qualquer praticante do humor gráfico responderá a vida toda. E que jamais será compreendida pelos perguntadores de plantão. Porque não querem. Porque não consideram o desenho de humor algo tão relevante quanto, por exemplo, as abstrações inócuas com bulas irrelevantes das artes plásticas contemporâneas.

Desenho não é necessariamente ilustração. Ilustração com legenda não é necessariamente cartum. Cartum com situação social que pode ser atemporal não é necessariamente charge. Caricatura da Dilma não é charge. Retrato plasticamente dotado de uma técnica espetacular não é necessariamente uma caricatura. Porque caricatura tem humor.

E o humor, onde anda, nesse nosso tempo? Se alguém achá-lo, por favor, me chame. Porque ele anda longe de nós, seres de um século novo. E longe do desenho. Ué, mas "desenho" não é animação? Oh, dúvidas cruéis.

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