11 de jul. de 2012

Um desenhista da paz

É raro que eu fale de outros caricaturistas aqui. Afinal, o blog é meu, existe para mostrar o meu trabalho. Quando comento outros artistas, é para falar de CDs, livros ou espetáculos deles. Mas sempre há uma exceção. Nesse texto, a exceção honrosa chama-se Eduardo Ferreira Grosso. 

Apesar do nome que sugere uma pessoa cascuda, Edu Grosso é caricaturista de fino traço. Fino traço que acompanho desde os treze anos de idade, quando ele já trabalhava na secretaria de cultura de Piracicaba, elaborando material gráfico para os eventos da prefeitura. E eu era apenas um aspirante a cartunista. 

Nosso contato inicial, em 1989, se deu numa oficina de quadrinhos de Jal e Gualberto para o Salão Internacional de Humor de Piracicaba. Mas a amizade viria algum tempo depois, já no novo século, em 2001, quando larguei um espaço garantido de criador de tiras no principal jornal da minha cidade, o Jornal de Piracicaba. Mudei para um jornal menor, mas que oferecia um espaço maior: uma página semanal de humor em cores. O jornal era - e ainda é - a Tribuna Piracicabana. A página se chamou Rio.

Durante dois anos, publiquei a mim mesmo e a outros cartunistas nesse espaço. Foi na página que Edu Grosso pode expor, pela primeira vez na imprensa, suas caricaturas requintadas em cores ou em preto e branco, além de seus cartuns sem palavras. 

Antes, Eduardo tinha espaços garantidos em salões de humor, ganhando prêmios e fazendo mostras paralelas nos eventos. A lista de lugares onde expôs seus trabalhos é extensa: Piracicaba, Porto Alegre, Rio de Janeiro, Piauí, Ribeirão Preto, Volta Redonda, Pernambuco, Belo Horizonte, Itália, Japão, Bélgica, Irã, Coréia, Turquia e Portugal. 

Edu Grosso tem presença rarefeita em veículos impressos, dada sua discrição. Após o período na página de humor editada por este que vos digita, publicou cartuns e caricaturas no principal jornal de sua cidade natal: o jornal de onde saí para fazer a página Rio. Atualmente, coordena um dos mais famosos salões internacionais de humor do planeta: o de Piracicaba. Por esse motivo, o artista acabou se recolhendo um pouco mais que o habitual. 


Mas Edu não deixa de aceitar convites para mostras temáticas. A última foi a convite do Salão Universitário de Humor da Unimep, que reeditou "Herois da Paz", criada por Edu para a trigésima terceira edição do Salão Internacional.

No ano de 2006, o MovPaz, movimento de nome autoexplicativo, esteve em Piracicaba. E o caricaturista, identificado com a causa da paz mundial e com o movimento, resolveu criar uma série de caricaturas gigantes de líderes mundiais: políticos, cientistas, humanistas, espiritualistas. Tudo em grandes dimensões, tal como o gigantismo da cultura da paz. Paz que o próprio desenhista tem dentro de si, e a transmite nos papos com qualquer pessoa.

Os originais das caricaturas, em pincel, são digitalizados e ampliados. Em seguida, plotados, recortados e adesivados. O traço é em preto e branco, os fundos são em cores de tons ora suaves, ora saturados. Na mostra, os rostos são acompanhados de brevíssimos textos biográficos a respeito dos retratados.

A segunda "encarnação" da mostra "Herois da Paz" permanece no Centro Cultural Marta Watts, em Piracicaba, nesse mês de julho. Agora é esperar outra raríssima oportunidade para Edu Grosso mostrar seu talento de observador sensível e artista de imensa estatura, muito além da sua centimetragem corporal.  

(Fotos da postagem: Edson Rontani Jr.)

2 comentários:

Fabio San Juan disse...

Excelente artigo. Só estranhei o fato de não mencionar o nome dos veículos de imprensa, dentre eles o que publicou a página de humor. Mas o trabalho do Eduardo merece essa divulgação e esse histórico. Você, Érico, é um historiador e crítico do Desenho de Humor em Piracicaba, embora não admita; já é na prática, vide o excelente trabalho no livro "Os 15 de Piracicaba". Parabéns!

Carla Ceres disse...

Valeu a dica, Érico! Vou tentar ir à exposição. Ah, concordo com o Fábio, sobre você ser um historiador do humor municipal. Beijos!