20 de dez. de 2011

Velhinhos e velhacos

Quem falar mal de Papai Noel, a essa altura do ano, corre sérios riscos de ser mordido por uma rena invocada. Ou levar um tapão da patroa do bom velhinho.

Já tive meus dias de transgressor natalino.

Adolescente puro e besta, com aquele fígado azedo típico dos adolescentes, ilustrava um suplemento infantil de um jornal. Um tempo diferente de fato. Jornais publicavam cadernos para crianças. Um deles empregava um adolescente puro e besta. Este que vos digita.

Só que eu não digitava nada. Desenhava o suplemento todo. Quadrinhos, passatempos. Tudo. As capas também.

Numa capa de Natal, baixou o espírito de porco, em vez do esperado espírito natalino. Um personagem questionava um velhinho descendo do céu: "O senhor é o Papai Noel? Eu não acredito em Papai Noel".

O velhinho, mais para pastor de ovelhas que para bom velhinho, respondeu placidamente: "Acredite na felicidade de uma nova era!"

No dia seguinte, choveram telefonemas na redação do jornal. A maioria de mães zelosas com a inocência natalina de seus filhos.

Hoje, até acredito em Papai Noel. Crer na figura do velhinho é melhor que a crença em velhacos que são umas figuras.

Um comentário:

Célia disse...

Realmente, você tem razão... Velhacos há em profusão atualmente em vários ramos sociais! E, com cada trenó... cada bonificação... cada salário... Já dizia minha avó: os canalhas também envelhecem...