7 de mai. de 2011

Um quase-torcedor do XV de Piracicaba

Fiquei besta com duas bombas em 2011.

A primeira bomba: meus vinte anos de carreira como cartunista. A gente nunca acha que o tempo vai passar. E vem essa marca para confirmar as outras marcas que o tempo deixa na gente.

A segunda bomba: a ascensão do XV de Piracicaba à elite do futebol paulista. A gente nunca achava que o time sairia do repertório de piadas sobre times ruins.

Já que o tempo, sempre ele, fez questão de trazer essas duas bombas, que em nada se comparam às bombas que nos atiram a todo instante, pelas mais diversas mídias, o melhor é acusar o tranco e seguir em frente, mesmo descadeirado.

E descadeirado é o que tenho ficado, nas pesquisas de material para a mostra dos meus vinte anos de carreira.

Fuçando nos meus arquivos, encontrei algo espantoso para um nerd como eu, que nunca ligou para futebol... Um gibi com a história do XV de Piracicaba!

Aos dez anos de idade, eu e meu irmão Fábio fizemos quadrinhos para um concurso da Secretaria de Educação de Piracicaba. Ele fez um gibi a respeito da história da cidade, olha só. Eu me meti a fazer um resumão da história do XV de Piracicaba, num gibi de doze páginas.

Minha fonte de pesquisa era a meia-página semanal do jornalista Rocha Netto, dono de um dos maiores arquivos de futebol do Brasil. A tal meia-página saía no Jornal de Piracicaba. Era a história completa do time da cidade! Deu um livrão, publicado logo após o fim da seção no jornal.

Anos depois, na década de 90, tive o prazer de cruzar com o simpaticíssimo "seu" Rocha Netto na redação do mesmo jornal onde ele publicara sua pesquisa, eu ilustrador do suplemento infantil.

Após a morte de "seu" Rocha, o arquivo foi para a Universidade Metodista de Piracicaba. Vivo fosse, acho que ele adoraria ver o XV na primeira divisão.

Quanto ao meu gibi precoce... Ganhou prêmio no tal concurso da Secretaria de Educação. Fui levado para a entrega do mimo na Secretaria: um livro chatíssimo e mal-impresso, falando de justiça social. Mas não se pode querer tudo.

Ou melhor... pode-se querer, sim. Justiça social, por exemplo. E o XV na elite do futebol paulista.

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