6 de abr. de 2010

Sandy, eu te amo!

Tá bom, o título dessa postagem é impactante... mas tem lá sua dose de exagero. Eu simplesmente gosto da Sandy, e digo alguns porquês. E contextualizo a bagaça toda também.


Nem lembrava que ela surgiu num programa com o papai a tiracolo e o irmão na tabelinha. Desde Shirley Temple, está comprovado que sempre dá pra faturar uns trocados a mais com filhos talentosos.


No caso de Sandy, os trocados viraram milhões, graças ao talento do pai cantor que deu um empurrão generoso nos filhos, e depois pelo talento deles próprios, que transformaram o empurrão em movimento permanente, para a frente e avante.


Gostei do canto do cisne da carreira dela com o irmão, o CD Acústico MTV. Nem precisava do Marcelo Camelo pra dar aval cantando junto. O pop despretensioso de Sandy, embora envolto em orçamentos e cifras nada despretensiosas, me parece mais interessante que as paupérrimas pretensões emepebísticas-universitárias do ex-Hermano.


Falando em MPB, há os defensores da tradição da "boa música", dispostos a trucidar garotas como a filha de Xororó. Meia dúzia de velhotes metidos a roqueiros, se tanto, babam em suas dentaduras pra exaltar Celly Campello, como se ela fosse superior à Sandy. Esquecem-se que a cantora de Lacinhos cor de rosa veio do interior de São Paulo, feito Sandy. E Celly era tão pop quanto a irmã de Júnior.


Mas não adianta argumentar. No juízo desses dinossauros, o pop pré-histórico será sempre melhor que o pop do tempo das bolsas Vuitton. É tudo pop, seja qual seja a época, mas no tempo deles era melhor, então...


Falando em comércio... Sandy sempre cantou embalada para consumo, junto com o irmão. E daí? Quem canta sem código de barras tatuado na bunda? Ou vocês preferem ouvir o mendigo do violão na esquina do seu shopping preferido? Isso se ele não for expulso e dedurado aos policiais da região pelo meganha uniformizado do shopping.


O ex-mendigo Seu Jorge sacou que não dava pra ser "alternativo" ou "marginal" e conseguiu saltar da calçada para o shopping, e daí para o mundo. Com direito a atuações em Hollywood e versões de músicas de David Bowie.


Como Sandy não é David Bowie, para tudo que ela faz sempre haverá uma matilha de chatos tentando desqualificá-la. A interpretação dela, por exemplo. Sempre cantou repertório pop baixos-teores, e sempre disseram pra ela mudar, que aquilo tudo não prestava. Aí ela foi cantar jazz, e passaram o trator em cima dela, pra variar.


Agora Sandy ressurgirá com um disco-solo de composições próprias, e certamente dirão que ela compõe mal. Não é ela a insuportável: seus críticos, ditadores de gostos ao gosto da classe média sem classe alguma, é que são.


E há mais motivos para dizerem que ela é uma otária. A carreira universitária dela, por exemplo, certo? Ela estudou letras na PUC de Campinas ... pecado mortal para uma suposta idiota pop. E as escolhas de par dela, então... Ela é casada com outro Lima, o Lucas. Um idiota-família, certo? Certo, ao menos no juízo dos críticos. Ou falta de juízo.


Ser pop, para Sandy, é ser a pecadora se confessando em pleno Vaticano, nas vistas do papa. Com todas as suas qualidades inadmissíveis e seus defeitos alardeáveis, milhares de cantoras e cantores dariam as suas gargantas para ser como ela: certinha, bonitinha, caipirinha, simplesinha, milionária... e... e...


Ora. E talentosa, uai.


PS em 07.04.2010: Aos que amaram minha defesa a esta artista singular, recomendo a leitura desta postagem aqui. Beijos.

3 comentários:

LAUDO FERREIRA disse...

Afinal de contas, cada um tem o direito de ser o que quiser, cabe a mim querer escutar ou não.

Ela e o irmão foram um fenômeno pop durante anos. Terminaram a dupla, o Junior foi para outras praias e ela recomeça agora.

E vamos adiante, oras.

Érico San Juan disse...

Acabou a festa. Comentários anônimos não serão mais publicados. Grosserias também não.

Érico San Juan disse...

Obrigado pelo toque, Vichy. Já corrigi o texto. Quem estudou na Unicamp foi o Lucas Lima, marido da Sandy... Falha nossa, ou melhor: minha! Abraço também.